terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Projeto Xarpi Escrita Noturna

A inclusão da pixação na complexa linguagem urbana pós-moderna , integra as formas contemporâneas de comunicação social, sendo herdeira legítima de uma cultura visual de massa, passível de leitura e de compreensão subjetiva para quem a observa, interpreta e lhe atribui significado.

O antropólogo Massimo Canevacci assim define as letras usadas na pichação: “Essas letras têm o jogo – ou o arabesco, como muito adequadamente foi definido – dos rabiscos próprios da verdadeira escrita árabe, com sua exigência quase exagerada de entrelaçamentos que constroem cifras, bordados, heras; e também a seriedade do alfabeto gótico, feito de signos convexos e côncavos, de ângulos agudos, de improvisadas acelerações, com subidas e descidas dos signos. Talvez seja devido a esta matriz obscura e misturada – simultaneamente árabe e gótica, quase o máximo da incompreensibilidade – que raramente se compreenda o sentido desses grafites”*. Antes de comunicar uma mensagem, a pixação é a marca de uma pessoa, de um grupo, da existência de alguém, de muitos escritores “anônimos” que são vistos por toda a cidade. O fato de já serem vistos é suficiente para que continuem as exposições de suas marcas na apropriação simbólica do ambiente em que vivem. Para com a população em geral e o Estado em particular, a pichação integra o fenômeno de poluição visual inerente às grandes cidades ,e constitui um código à margem e “sem regra”.

A pichação pode ser causa de um sentimento de medo e de insegurança devido a fatores como: sua forma estética que compõe um código lingüístico secreto acessível somente para iniciados; à sua presença totalitária e constantemente impregnada ao mobiliário urbano; à sua reprodução contínua e prolongada de modo misterioso durante a madrugada; a existência fantasmagórica do pichador que nunca é visto deixando apenas seus rastros .
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A politica repressiva que incentiva a "denuncia" "delaçao" e outras formas de paranoia social, faz lembrar a ditadura "meu vizinho e revolucionario, mata ele tio!".
Essa politica nao vai permitir controlar a pixaçao , talvez apenas colocar por um dia ou dois um pixador na delegacia e acentue um "medo" que sò faz dar mais adrenalina a atividade .
Essa politca nos faz lembrar de uma frase do sociologo e chefe da policia do Rio, Luiz Eduardo Soares, no documentario Noticias de Uma Guerra Particular "enquanto o estado estiver presente na favela unicamente com seu aparato repressivo, nada pode ser feito para reverter essa situaçao (questao do trafico)" que ilustra bem a discussão que queremos fazer acerca dos espaços da cidade .

Não discutiremos o que esta tao em voga , uma repressão midiatica , imediatista , graffiti é bom e pichação é ruim , o bem eo mal , tão pouco o fato dessa escrita urbana caracterizar ou não uma forma de arte ou vandalismo, mesmo procurando reconhecer que a letra e única, brasileira , do mobiliario urbano.

É de nosso interesse organizar a discussão , de forma a ser propositiva em relaçao a politicas públicas.

Falamos em abordando a pertinencia de uma politica de incentivo artistico, uma profissionalizaçao do jovem com acesso e dominio de uma cultura visual (graffiti e video e fotografia e serigrafia), da qualificação dos espaços publicos pra juventude, da oferta e das condições de lazer cultura diversão e aprendizado fora da escola formal.

Oficina/Atelie de video participativo
aprendizado tecnicas de filmagem

Objetivos da atividade:

Focalizar a expressão na rua, a comunicação visual e a pixação, com pretensão de ler cidade com um outro olhar.
Abordar a pixação em si e a intervenção visual urbana como um todo .

Ficha Tecnica
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Curadoria : Fabiana Menini
Coordenação de atividades: Luciano Spinelli
Convidados :
Pamela Castro /Anarkia - coordenadora na OEA de politica das artes juvenis
Luciano Spinelli – Formado em Jornalismo e sociologia e Doutorando na Sorbonne tema Estetica Pixação Brasileira
Fabiana Menini – Produtora Cultural, presidente Instituto Trocando Ideia
Pixobomb – artista e ativista
Choque - Fotografo

Produção Executiva : Instituto Trocando Ideia
Coordenação de Produção: JW
Assistentes de Produção: Tedfunkstyle , tor.vi e Alemão

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